quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Agora, ausente de minhas 4 paredes...


É, meu bem, a vida tem dessas mesmo. Dessas de solidão. Dessas coisas de acordar depois de uma hora de sono todo assustado e agoniado com medo do que não se pode ver nem compreender. Dessas coisas de fazer dos teus sorrisos e teus choros, parte da rotina que, venhamos e convenhamos, anda reverente de mais.

Lá fora, carros, pessoas, indo e vindo... Não sabem da onde, não sabem porque, não sabem nada. Nem eu sei.

Com tantos rostos e expressões, já me perdi. Se achar que é difícil. Hoje em dia, até mesmo entre quatro paredes, o "Fingir" se constroi.
Definir-me sorridente ou triste, não!
Definir-me vaga... Indecisa.

Tomo a vida como uma verdadeira correria. E todas as noites corro por aí, uma tentativa de materializar essa tal correria. Gosto das ruas assim como ficam, vazias. Gosto do amplo. Do silêncio que a solidão trás. E do perigo: Tenho a esperança de encontrar, atrás de qualquer esquina, algo que me mude por completo. Algo que me atropele, que me dissipa.

Mas nem a correria, em seu ritmo tonto, conseguiu fugir da rotina.

Noite dessas, algumas gotas moralham meu nariz. um chuvisco que preparava alguns raios(e logo a minha gripe, claro) bateu de frente comigo.

O velho sonho de infância. Quem nunca teve vontade de correr pelado na rua?

"Imagina... loucura!"

"Mas quem pode ver? Está tudo vazio e quieto"

"Continue a correr e não pense nem faça besteiras"

Antes que eu percebesse, sentia o cimento frio do chão em seus detalhes. Todas as pedrinhas juntas, molhadas. Todas as sujeiras e imperfeições.

Perder o melhor momento da minha vida sem nenhuma desculpa plausível, seria suicidar meu único ponto de competência. Aquela era a hora. O tempo não me daria outra. Não me seria concedido outro momento tão propicio para me despir.

Continuei a correr, agora de olhos fechados.
As gotas desenharam meu corpo. Meus gestos. Meus sentimentos.

A chuva e meu corpo se fundiram. Meus passos ficaram mais rápidos, mais rápidos... "o tempo não existe", pensei.
Minto! Não pensava em nada... E nem queria.

Estava livre. E fazia parte de tudo, tudo fazia parte de mim.


Me entreguei ao mundo.

Nada de quatro paredes.

Nada de limites.

Nada de nada.


Definir-me sorridente ou triste?

Não!

Definir-me livre!

4 comentários:

Lucas Daniel Alves Nunes disse...

lindo... uma delicadeza de impressionar, sem ser vago demais e sem pecar por tentar ser cult demais.... perfeito... abre o espaço para refletirmos, sem dar todas as respostas... soh abre o caminho pra reflexão.....
adorei....

Ricardo Moura disse...

Você consegue silenciar as coisas ao meu redor quando estou te lendo...vc é mestre numa arte que só os mais sensiveis alquimistas outrora tinham...vc controla as coisas, vc manuseia minha realidade!

Eterna Primavera disse...

"Lá fora, carros, pessoas, indo e vindo... Não sabem da onde, não sabem porque, não sabem nada. Nem eu sei."
Definiu como me sinto... perdida!

Ei, quero definir-me livre, também!

Ah Zuzu, tu tens o dom.

Unknown disse...

realmente vc é surpreendente ..vai em frente garota tu tem talento mesmo,parabéns!
bjs!!!