sábado, 26 de janeiro de 2008

Prazer em conhecer



Ele parou bem na minha frente e começou a se despir. Tirou a calça, primeiro. Depois as meias brancas. Abraçou sua camiseta e a arrancou, também. Ficamos nos olhando.
Eu não estava entendendo muito bem.
Ele não falava nada. Nem quando entrou pela minha porta. Nem quando tirou os sapatos. Nem quando desceu a calça. Nem quando esbarrou seus punhos fechados em meu rosto ao tirar a camiseta.
Lembrei da nossa discussão, há uma semana atrás.
Não quero mais você na minha vida.
Essa foi minha breve explicação.
Eu mereço uma explicação? - ele não altera a voz em nenhum momento
Não.
Por que?
Não te conheço mais.
Um ato não pode resumir uma pessoa.
O seu ato me quebrou por inteira. Saia da minha casa e saia da minha vida.
Fixei meus olhos nos olhos dele. E não desviei até ele abrir a boca.
Por que você nunca é direta?
Por que você nunca se abre?
Responder uma pergunta com outra é, obviamente, não ter uma resposta convincente.
Você me conhece.
Não, eu não conheço.
Ele olhou para a janela e não discutiu. Pegou sua mochila e saiu silenciosamente pela porta.
Agora, aqui na minha frente. Como nunca o havia visto antes. Talvez fosse exatamente essa a distância. Talvez fosse exatamente esse o problema.
Ele continuou me olhando. Parecia estar esperando alguma coisa. Esperou por 10 minutos. E olhar para os olhos pelados dele por todo esse tempo não foi ruim, admito.
Deu uns passos até a janela e abriu as cortinas. A luz da noite urbana invadiu a sala quase vazia.
Ele me colocou em frente a janela. Ficou parado atrás de mim. Tirou o meu casaco azul. Desabotoou minha camisa branca. Abriu. Tirou. Pegou minhas mãos. Apoiou a palma de cada uma delas em cada um dos meus quadris. Primeiro no direito. Depois no esquerdo. Apoiou o meu dedão na calça. Abaixou. O tirou dos meus pés. Assim como os sapatos de salto alto. Me virou de lado e olhou direto em minhas pupilas. Soltou meus cabelos.
Tocou seus dedos no meu rosto. Fechou os olhos. Começou a tatear todo meu corpo,lentamente, como se estivesse me vendo assim. Como se os olhos não bastassem ao olhar. Como se ver, olhar, fosse algo mais profundo.
Por fim, Tateou minhas mãos. As sentiu no rosto. As beijou. E abriu os olhos, para que eu fizesse o mesmo.
E eu fiz.
Quando finalmente abri os olhos ele estendeu a mão e me disse:
- Muito prazer em conhecer.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Estranhos Amantes

O que há em minha nudez que te assusta?
O fato de não esconder-me atrás das máscaras que ocultam a sensatez?
Ou simplesmente o desabrochar dessas vaidades decompostas que tanto envergonham-te?

Sou livre.
Sou minha!

Saio na chuva em pleno carnaval sem importar-me com minhas roupas maltrapilhas e maquiagem desfeita.
Deito na cama com as botas sujas de lama e os cabelos emaranhados depois de ter sido possuída por ti ali, naquele mato molhado cheirando o mórbido da grama seca.
Despida de roupas e preconceitos apago a luz!
Despida do teu ego de moralismos pacatos e acomodados.
Acendo meu cigarro, meu incenso, meu abajour.

Mexo em teu cabelo na esperança de mexer com teu mundo.

Adormeço em paz. Suja e serena. O hálito de vinho a lembrar-me que de línguas e uvas líquidas foram vividos nossos momentos tórridos.
A chuva a escorrer pelo vidro da janela escura e o barulho a cair pelo telhado, vislumbram-me brevemente a alegria de ser viva.
Sinto-me nua e tua.
Minha nudez me dá um prazer inexorável. Uma liberdade infinita.

Rolo pelos lençois e sorrio. Consigo assistir-te nos flashes da memória. Inteiro.
Sem roupas, sem pensamentos, sem movimentos.
Ali, deitado no mato a contar estrelas, a beber a chuva, a engolir meu beijo.

Durmo.
Acordo com um olhar incomodado.
Todo vestido, alcanças-me minhas vestes. Desvias o olhar.
O que há de errado?

A nudez liberta!
Minha alma enaltace a divindade das esculturas humanas deste corpo. Sou deusa.

O que há em estar nu e insano que tanto assusta-te?

Vamos beber mais um pouco de vinho e brincar que o mundo não existe;
Correr nus pela chuva, fazer amor no telhado.
Por que minha nudez te incomoda?
Tira tua paz, teu sossego?

Despida de roupas e máscaras.

Danço os bailes de meus próprios carnavais venezianos.

Olho-te nos olhos.
Hoje decidi permanecer nua.
O dia inteiro!

Vou ali regar meu canteiro.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Inesperado


Há questões que penso
.............Não podem ser resolvidas
Como posso
.............Sem nem saber como te chamam
Te gostar tanto?

Essa paixão que lhe tenho
.............É tão sincera quanto inocente
Tão simples quanto ignorante
.............É gratuita e nua de medos

Cada olhar teu limpa-me
.............Despe-me de meus sentimentos e cria novos
Não me envergonho de me ver nu
.............Nunca havia me olhado dessa forma

Mal segurei este bebê
.............Já me vejo rodeado desses seres
E suas acusações
.............Me odeio por dar-lhes ouvido
Começo o diagnóstico: Platonice Aguda!

Um lírio brotou livre de cores
..............Aos poucos lhe rego
Canções, brisa e um céu limpo
..............Convencem me de voltar um pouco
E acreditar, e ter medo, e sentir aquela tristeza
..............Talvez uma cor brote

Me doi não conseguir falar
..............Não fazer parte de um texto dinâmico e objetivo.

Cansei de te encontrar inesperadamente
..............Estou certo de que da próxima vez
Por desejar, não lhe encontrarei
..............Vou dizer como das outras vezes: Foi a ultima vez!
Quem sabe você aparece...

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**
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Foto by Nuno Manuel Baptista

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Agora, ausente de minhas 4 paredes...


É, meu bem, a vida tem dessas mesmo. Dessas de solidão. Dessas coisas de acordar depois de uma hora de sono todo assustado e agoniado com medo do que não se pode ver nem compreender. Dessas coisas de fazer dos teus sorrisos e teus choros, parte da rotina que, venhamos e convenhamos, anda reverente de mais.

Lá fora, carros, pessoas, indo e vindo... Não sabem da onde, não sabem porque, não sabem nada. Nem eu sei.

Com tantos rostos e expressões, já me perdi. Se achar que é difícil. Hoje em dia, até mesmo entre quatro paredes, o "Fingir" se constroi.
Definir-me sorridente ou triste, não!
Definir-me vaga... Indecisa.

Tomo a vida como uma verdadeira correria. E todas as noites corro por aí, uma tentativa de materializar essa tal correria. Gosto das ruas assim como ficam, vazias. Gosto do amplo. Do silêncio que a solidão trás. E do perigo: Tenho a esperança de encontrar, atrás de qualquer esquina, algo que me mude por completo. Algo que me atropele, que me dissipa.

Mas nem a correria, em seu ritmo tonto, conseguiu fugir da rotina.

Noite dessas, algumas gotas moralham meu nariz. um chuvisco que preparava alguns raios(e logo a minha gripe, claro) bateu de frente comigo.

O velho sonho de infância. Quem nunca teve vontade de correr pelado na rua?

"Imagina... loucura!"

"Mas quem pode ver? Está tudo vazio e quieto"

"Continue a correr e não pense nem faça besteiras"

Antes que eu percebesse, sentia o cimento frio do chão em seus detalhes. Todas as pedrinhas juntas, molhadas. Todas as sujeiras e imperfeições.

Perder o melhor momento da minha vida sem nenhuma desculpa plausível, seria suicidar meu único ponto de competência. Aquela era a hora. O tempo não me daria outra. Não me seria concedido outro momento tão propicio para me despir.

Continuei a correr, agora de olhos fechados.
As gotas desenharam meu corpo. Meus gestos. Meus sentimentos.

A chuva e meu corpo se fundiram. Meus passos ficaram mais rápidos, mais rápidos... "o tempo não existe", pensei.
Minto! Não pensava em nada... E nem queria.

Estava livre. E fazia parte de tudo, tudo fazia parte de mim.


Me entreguei ao mundo.

Nada de quatro paredes.

Nada de limites.

Nada de nada.


Definir-me sorridente ou triste?

Não!

Definir-me livre!

domingo, 6 de janeiro de 2008

Passivo Enudecer




Amo um amor inconsciente
Um prelúdio do belo intocado
Uma aspiração da morte.
Amo o que desconheço,
Em uma tolice obscena
Desse meu espaço
Intimo e ferrífero.
Dispo-me de uma
Nudez platônica
Que, em meus olhos,
Tem se exagerado.
Eu me limito nesse
Pejo complacente
Na tentativa de uma
Lealdade incógnita.
Visto-me de tua nudez
Conveniente.
Desse teu olhar
Desconhecido
E do teu amor inconsciente.
Dispo-me da máscara
Que não me cabe
Nesse orgulho
Que não se extingui
Dos meus eus inexistentes.
Ponho-me à censura
Acometo-me das mágoas
E dos lamentos...
Dos pecados... Da tortura...
Da nudez, desse amor
Desconhecido.

sábado, 5 de janeiro de 2008

Revolução Nua


Comer quando chegasse em casa ou comer qualquer coisa gordurosa ali mesmo? Hoje essa decisão parecia muito difícil de ser tomada. Tibério não estava morrendo de fome como ontem mas também não se sentia livre da sensação de estar com a barriga vazia depois de passadas cinco horas e meia do almoço.
A rodoviária era um lugar desolador. Cheia sempre, de tudo e de todo tipo de gente. Cachorros no meio do povo, sujeira demasiada no chão que já nem lembrava a cor original, embalagens diversas nos cantos mal varridos: bala, salgadinho, picolé, camisinha, um radinho imitação de mp3... lá também tem aquelas lanchonetes suspeitas; nelas residia a dúvida de Tibério, será que como em casa, onde sei por onde passa cada um dos ingredientes do que quer que eu vá comer ou como aqui, ignorando o processo e só pensando na minha barriga logo logo forrada?
Decidido, rumou até a lanchonete escolhida e pegou um salgado bem frito acompanhado de um suco de laranja, daqueles que ficam rodando durante dias naquelas maquinas com bacias transparentes. A fila já está imensa! Pelo jeito o caos estava instaurado. Pessoas se amontoavam umas atrás das outras em filas desconjuntadas que apontavam para espaços vazios, desejosos de ônibus. Outras procuravam chegar a filas que estavam mais distantes e começavam uma batalha contra as filas que vinham antes, verdadeiras barreiras humanas.
Conseguiu estar entre as vinte primeiras pessoas da fila, se sentiu aliviado pois sabia que conseguiria ir sentado durante o trajeto que duraria não menos do que uma hora. Milhões de perguntas ( na verdade a mesma só que sempre com elementos a mais ou a menos, feitas com mais entonação ou com sinônimos escolhidos) passavam sua cabeça sempre que precisava pegar um ônibus, ou melhor, toda vez que precisava do transporte público. Não tinha um carro. Sabia dirigir, tinha licença de motorista e tudo, mas até hoje não conseguira juntar dinheiro suficiente pra comprar um carro pelo menos perecido com o que sempre sonhou. Vou comprar à vista, é claro, esse negocio de passar a vida inteira pagando um carro não é comigo...no fim, quando ele for meu de verdade, já vai estar tão velho que vou ter vergonha de andar nele. Não teria vergonha coisa nenhuma, não tinha vergonha de usar calças que tinha ganhado quando fez dezoito anos, dezoito anos atrás...
Nada de ônibus, em nenhum dos espaços vazios, nenhum, nem os visinhos nem os da frente, do outro lado da rodoviária, nem os de trás. Não tinha ouvido falar de greve nenhuma. A ultima foi há tão pouco tempo, provavelmente não estariam começando uma outra tão cedo. De qualquer forma era muito estranho, logo numa sexta-feira, às seis da tarde, nem sinal de ônibus. Sentiu a cabeça coçar e a imagem de cabelos vistos através de microscópio pulou em sua mente. Aos poucos, estes fios emaranhados começavam e ficar esbranquiçados até se tornarem totalmente alvos. Não vá se estressar, daqui a pouco vai ser um quarentão com cara de sessentão! Essa foi a vozinha fina da sua mulher que trincava as lentes do microscópio. Fazer o que não é? O jeito é buscar me entreter.
Duas pessoas, um rapaz e uma jovem senhora, que estavam logo atrás dele na fila do ônibus estavam conversando animadamente sobre o que tinham visto passar na televisão na noite anterior. Tibério em busca de entretenimento grátis espichou os ouvidos para ouvir melhor sobre o que falavam.

Sem dúvidas...mas não creio que conseguiram muita coisa...não, claro, isso se...perfeitamente, uma manifestação bem organizada...mas eles planejaram...ahh no mínimo chamaram a atenção da mídia, e isso já é alguma coisa...como não?...como assim Elizabete, claro que foi, eles ficaram nus!

Mesmo sendo uma pessoa muito bem educada, conveniente e na sua, não dava pra não falar nada. Tibério virando o corpo teatralmente, como se quisesse dar a impressão de que não estava ouvindo a conversa dos dois a quinze minutos e que só notara a ultima palavra do rapaz, foi dizendo: ´´Desculpa, não pude deixar de ouvir mais ou menos o que você falou; vocês estão falando sobre a manifestação que aconteceu naquele país, é...não me lembro o nome agora, mas que saiu nos jornais hoje e tal, aquela manifestação contra o aumento dos impostos sobre os produtos importados?´´
A
cenando positivamente com a cabeça os dois se viraram para Tibério incluindo-o automaticamente no meio da conversa. O rapaz logo tratou de revisar toda a noticia para que o novo integrante da discussão pudesse começar a opinar. ´´ No sul de um país ai, que eu também não lembro o nome, umas trezentas pessoas se juntaram em frente ao governo para protestar contra esse lance aí que tava acontecendo, de quererem aumentar o imposto em cima dos produtos importados. O que deu mais notícia foi por que a galera lá foi bem radical, assim, eles não quebraram nada nem usaram violência não saca, só resolveram ficar todos sem roupa de mãos dadas na frente da sede do governo.´´
E
ra incrível como ninguém conseguia enxergar o balãozinho cheio de imagens que acabava de sair da orelha esquerda de Tibério e começava a crescer fora de sua cabeça. Cheia de telinhas, mostrava pessoas de mãos dada, gritando, cantando musiquinhas de protesto, algumas tinham o rosto pintado, outras usavam chapéus feitos de papel com dizeres e o mais engraçado, todas estavam em seu original (quer dizer, alguma mulheres, depois de alguns ml de silicone, não estavam tão originais), estavam do jeito que tinham vindo ao mundo.
``Nossa, não tinha visto essa parte não, ouvi alguma coisa sobre o protesto, o motivo pelo que o pessoal estava brigando, mas esse ´´detalhe´´ eu não sabia . Mas me diz uma coisa é...como é mesmo o seu nome? ...ta Carlos, me diz uma coisa, eles ficaram lá de mãos dadas e pronto? No que deu isso?´´ A senhora não se conteve, parecia extremamente animada com a idéia de pessoas ficarem nuas no meio da rua; de vez em quando Tibério olhava da mulher para o seu balãozinho cheio de pessoas desnudas que ainda pairava por ali, e do balão de volta para a mulher; suspeitava que ela conseguisse ver as imagens que passavam ali e estava se divertindo. ´´ Ah, deu que eles não deixaram ninguém entrar lá, lá na sede do governo. Estavam lá desde cedo sabe, aí nenhum funcionário pode entrar. Depois de um tempão chamaram a policia, mas como era uma coisa pacifica e tal resolveram conversar com o líder do protesto, não quiseram bater nas pessoas... e ia doer mais ainda, estava todo mundo pelado!´´ e deu uma risadinha que fez com que Tibério checasse de novo se ela não tava olhando pro seu balãozinho.
´´No fim, deu certo?´´ ´´ Ah claro que deu! Era o que eu tava falando com a Elizabete aqui, se eles não conseguiram alguma coisa lá na hora, eles chamaram a atenção da mídia, e você sabe, a mídia sabe muito bem fazer pressão.´´ ´´Um, não sei não, até parece que o governo vai se deixar levar por televisão e jornal...´´ ´´ Mas se deixa levar sim sabia? Isso já aconteceu muitas vezes, os governantes odeiam ser mal vistos.´´ ´´ Era justamente isso que eu ia dizer pra ela quando você entrou no papo, eles vão fazer alguma coisa sim, mesmo por que a noticia não ficou só por lá, já correu o mundo inteiro!´´ ´´ Eita, é mesmo né? Se chegou por aqui é por que já passou pro mundo inteiro mesmo´´.
O
s três ficaram parados, olhando cada um para um lado, calados. Os olhos de Elizabete estavam brilhando, os de Carlos se perdiam no vão que demorava a ser ocupado pelo ônibus e os de Tibério se voltavam para a imagem dos cabelos brancos no microscópio, ainda de lentes quebradas... era aterrorizante a idéia de ter cabelos brancos mais rápido do que a natureza tinha decidido. Um estalo quase audível passou pela cabeça dos três ao mesmo tempo e eles se olharam. Por uns três segundos seus olhos registraram que os outros pensavam o mesmo.
´´Nossa, o transporte publico daqui é uma meleca né?´´ ´´Um...ah Carlos, não diria que é uma meleca não, mas tem muita coisa que precisa melhorar, muita coisa mesmo´´ As mãos de Elizabete começaram a deslizar sobre o seu corpo enquanto seus olhos ganhavam um brilho diferente. ´´Ah não, eu concordo plenamente com o Carlos, é uma bosta, olha pra isso, estamos aqui a no mínimo quarenta e cinco minutos e nada de ônibus...e não é só o nosso, o de ninguém chegou!´´ Tibério sabia o que queria, era sua chance de fazer alguma coisa diferente, alguma coisa que justificasse os cabelos brancos que já existiam na sua cabeça; hoje ele não deixaria nenhum fio de cabelo branco nascer em cabeça nenhuma. ´´ E olha só, se fosse ruim mas a passagem fosse barata, tudo bem, mas não, eles faltam cobrar os nossos olhos, eu to cansado disso.´´ Carlos passou a mão pelo seu cinto, mordeu os lábios com decisão. ´´ Vocês tem toda razão, e a maioria do pessoal que trabalha nos ônibus também são muito mal educados, os trocadores não são nem um pouco gentis e os motoristas pensam que estão levando gado!´´ Maria já tinha começado a tirar os sapatos. ´´Chega disso, não vou ser igual todo mundo. Esse povo que reclama reclama e não faz nada!´´ ´´ Nem eu, eu vou fazer alguma coisa e é hoje´´ ´Nós vimos muito bem o que é que acontece quando as pessoas se mobilizam... pelo menos alguma coisa conseguem, e vamos conseguir isso hoje´´ ´´Ah se vamos!´´ `` É hoje!´´ ´´ É agora ou nunca!´´
E
então a rodoviária toda parou. Por um segundo tudo ficou silencioso e no meio de todo aquele silencio três pessoas conquistaram os olhares de transeuntes bêbados em seus destinos.
Ali estavam Carlos, Elizabete e Tibério. Pelados!
(continua)
Foto por J.P. Sousa