Meus braços grudavam de suor. Tinha a nítida sensação de ter caído nos olhos cacos do espelho quebrado, sete anos de azar.
- Fiz aquilo de novo!
É, fiz aquilo de novo. A mão nem bate na testa por surpresa. Apenas fiz. E, no fundo, eu sei que faria de novo.
-Quase estraguei tudo!
Sete anos de azar. Quebrei meu próprio espelho. Estou tentando juntar os pedaços para me enxergar por inteira e nua. Quebrei votos de lealdade comigo mesma. Me desorganizei. Me perdi...
Minhas unhas cresceram de mais. Meus cabelos perderam sua verdadeira cor. Minhas roupas estão curtas, pequenas e apertadas.
Perdi meus versos. Desaprendi a escrita. Joguei os livros em baixo da cama. Não danço mais. Não rezo mais.
Não me olho no espelho.
- Sete anos de azar!
Ás vezes penso que ...
- O último caco se escondeu na sua pupila.