domingo, 29 de junho de 2008

Sem reflexo







Meus braços grudavam de suor. Tinha a nítida sensação de ter caído nos olhos cacos do espelho quebrado, sete anos de azar.




- Fiz aquilo de novo!




É, fiz aquilo de novo. A mão nem bate na testa por surpresa. Apenas fiz. E, no fundo, eu sei que faria de novo.




-Quase estraguei tudo!




Sete anos de azar. Quebrei meu próprio espelho. Estou tentando juntar os pedaços para me enxergar por inteira e nua. Quebrei votos de lealdade comigo mesma. Me desorganizei. Me perdi...




Minhas unhas cresceram de mais. Meus cabelos perderam sua verdadeira cor. Minhas roupas estão curtas, pequenas e apertadas.




Perdi meus versos. Desaprendi a escrita. Joguei os livros em baixo da cama. Não danço mais. Não rezo mais.




Não me olho no espelho.




- Sete anos de azar!




Ás vezes penso que ...




- O último caco se escondeu na sua pupila.