quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Paredes Nuas

Gosto do cheiro de pão que se espalha pela casa toda. Quatro cômodos inertes que param para apreciar esse momento. Como qualquer outro detalhe que se exploda entre os segundos, aqui.
Moro num subsolo. "Escondida" da rua, do céu e das pessoas cotidianas. Um subsolo nu. E pequeno.
Se há um som em um dos quartos, há um som na casa toda. Se uma luz se ascende atinge, mesmo em timidez, qualquer canto da casa. Minha casa pelada tem apenas duas portas: a de entrada, a do banheiro. A porta do banheiro está quebrada, qualquer um pode entrar.
O “qualquer um” de minha casa, se resume a três mulheres: Minha mãe, Meg, minha cachorra e eu. Também somos nuas.
Convivemos 24 horas seguidas tendo em pauta tudo o que qualquer uma das três faça. Eu sei que agora, nesse exato momento, minha mãe está escovando os dentes na pia pequena do banheiro. Não estou vendo, mas posso ouvir. E a Meg está deitada na minha cama, se coçando.
Nossa intimidade não tem limites. Sabemos exatamente todos os movimentos, uma da outra. Nos conhecemos tanto que podemos nos comunicar com apenas um suspiro. Não fazemos mais perguntas do tipo : “Você gosta de batatas fritas?” ou “Prefere pintar a parede de branco ou rosa claro?”. Já sabemos de quase tudo.
Somos nuas. Todas nuas, dentro de nós mesmas, dentro dessa casa que não tem portas nem limites. Entre essas nossas paredes peladas.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Massarandupió!


Quero deixar um vento bem forte me levar

Me levar pra essa praia tão bonita

( Massarandupió )

E que meu corpo se queime nesse sol tão generoso


As nuvens podem ser testemunhas

Que o que a gente quer é ser livre

E falar com nossos corpos nus!


As palavras já não cabem mais

Nada consegue a forma desse discurso

Só nossos corpos brilhantes traduzem.


Quero que o mundo seja Massarandupió

E que as pessoas sejam o que são:

Cada dia diferentes nas suas mesmices!


Mas que sejam diferenças autenticas

Diretas e sem artificialidades.

Ser por ser não custa.


Por que se já nascemos múltiplos

Pra que multiplicar-se com tanta bobagem?

Vamos nos ploriferar nesse mundo!


Ploriferar nossa vontade

Nossas idéias simples,

De corpos nus e ao sol

Onde tudo pode ser...